Um projeto para preservar os rios
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O ponto de partida foi a falta de conhecimento sobre o uso correto dos recursos hídricos. Com este desafio Sávio Steffan, Gilmar Kuyven e Dirlean dos Santos levaram para casa o troféu de primeiro lugar na Feira Estadual de Ciência e Tecnologia da Educação Profissional (Fecitep), segundo na Mostra das Escolas de Educação Profissional (Mep) e primeiro lugar em engenharia mecânica na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), tudo isso em 2010. E para 2011 o projeto foi selecionado para a Exposición Cientifica y Tecnológica (Expocientec), em sua sétima edição internacional, no Paraguai. ?Além dos prêmios, os jovens também recebem elogios pelo projeto por onde passam?, lembra Gilmar.
No ano passado os desenvolvedores do projeto eram ainda alunos do terceiro semestre do curso Técnico em Mecânica da Escola Estadual de Ensino Médio Pedro Meinerz, de Santa Rosa, mas em 2011 os três já são profissionais atuantes no mercado, trabalhando juntos em uma empresa de equipamentos agrícolas. O projeto, que concorreu com outros 102 na Fecitep, surgiu para solucionar um problema que apareceu em uma conversa informal, entre amigos. Sávio conta que um colega de trabalho comentou que gostaria de diminuir o gasto de energia elétrica de sua propriedade rural e pensou em uma roda de água, colocada no rio que cortava o local. A opção é proibida pelas normais ambientais por desviar o leito do rio. ?A conversa foi evoluindo, até que chegou um momento em que ele falou: faça algo que bóie então", lembra Sávio. E dessa forma começou a pesquisa e o desenvolvimento do projeto do Gerador de Força Hidrocinética.
Com base em estudos sobre a força das águas dos rios eles pensaram em um sistema que utiliza esta força, transferindo energia mecânica que é capaz de movimentar componentes responsáveis pelo bombeamento de água. A construção teve como objetivo desenvolver uma nova forma de aproveitamento da força da água dos rios, podendo assim utilizar este método de geração de energia a partir dos recursos hídricos disponíveis, transformando-os em energia mecânica e eletricidade.
A invenção funciona da seguinte forma: o fluxo da água faz o rotor girar, levando força à engrenagem e carregando as baterias de 12 volts, que se transformam em 200 volts, sendo distribuídas na casa através de cabos. A capacidade de geração é de 500 wats, o suficiente para manter geladeira, televisão e três lâmpadas. A preocupação com o meio ambiente fica visível, porque além de economizar energia é possível ainda reduzir o consumo de eletricidade ao bombear água para o consumo animal e também para irrigação. O equipamento consegue bombear 205 litros de água por hora e por estar suspenso na água não ocasiona danos, sendo uma tecnologia limpa que preserva os rios.
O grupo desenvolveu ainda um software que permite controlar a invenção pelo computador. Foram dez meses de trabalho na casa dos inventores, alguns testes no loteamento São Francisco, em Santa Rosa e cerca de R$1.700 para construção de protótipo. Quando da implantação, não há gastos de manutenção.
Depois de ganharem o prêmio destaque na MEP, a participação na Fecitep teve momentos emocionantes. Na véspera da viagem para participação na Mostra, Sávio ficou doente e precisou ser hospitalizado. Diversos documentos que precisavam ser levados na viagem estavam na casa dele, sendo necessário então que assinasse um termo de responsabilidade para sair do hospital e buscar o material em sua casa, junto a Gilmar, Dirlean e o professor Neldo, que orientou o trabalho.
O reconhecimento, lembram os inventores, pode ser percebido no comentário de alunos da 4ª série do ensino fundamental, que ao encontrarem os vencedores disseram que gostariam de ser como eles e que, quando ficarem maiores pretendem estudar e fazer o técnico em mecânica. Gilmar conta que na empresa onde trabalha e fazia estágio durante o desenvolvimento do projeto, já foi trocado para uma função melhor. Para Dirlean o projeto também significou mudanças profissionais: durante o estágio ele trabalhava em um frigorífico, após a conquista do prêmio ele passou a atuar na área de desenvolvimento e automação industrial da mesma empresa que Gilmar e Sávio. Vandelcir Rosembaum, coordenadora da MEP e assessora técnica da Superintendência da Educação Profissional (Suepro) destaca a importância da participação dos alunos, pois eles podem aplicar o conhecimento adquirido na busca do desenvolvimento sustentável local, regional e estadual, com comprometimento para as questões ambiental, social e econômica. Tudo isto pode ser visto nos projetos dos, hoje, técnicos em mecânica de Santa Rosa.