O estudante Alan Gabriel Lemes Medina, de 16 anos, aluno da Rede Estadual, iniciou o ano com uma conquista internacional. Ele representou o Rio Grande do Sul no Harvard National Model United Nations Latin America, realizado no Panamá, e conquistou o prêmio de Best Delegate, que significa Melhor Delegado. O evento reúne jovens de diversos lugares da América Latina, que participam de palestras e oficinas para simular encontros diplomáticos das Nações Unidas, em um encontro que estimula a cooperação entre os países e a resolução pacífica de conflitos. 

Alan é aluno da Escola Estadual de Ensino Médio Setembrina, localizada em Viamão. A instituição centenária oferece a modalidade de Ensino Médio em Tempo Integral desde 2018, tendo o protagonismo juvenil como centro do processo pedagógico.  

A professora Marta Teixeira da Silva ministra a disciplina de Língua Inglesa na Escola Setembrina. Ela acompanhou o jovem estudante durante o período do congresso no Panamá e ressaltou uma das diferenças que podem ser notadas no perfil do Tempo Integral. “Os alunos do Ensino Médio do Tempo Integral têm disciplinas eletivas, diferentes das matérias de base. Eu fui professora do Alan em uma disciplina eletiva de aprendizado do inglês através de músicas, que se chamava please don’t stop the music. Ali percebi que ele é muito interessado, quer aprender e crescer”, destacou. 

O convite para seguir junto com o Alan como orientadora surgiu em setembro de 2024, por meio do diretor Ednilson Roesler. “Foi uma grande responsabilidade levar um menor de idade para um país onde nunca estive antes, mas deu tudo certo, felizmente”, destacou a educadora.

A iniciativa de se inscrever em um evento internacional partiu do próprio Alan, que já havia participado de simulações online da ONU. O processo de seleção durou dois meses e demandou uma maratona de tarefas, incluindo três redações sobre temas como crise climática no Brasil, a guerra entre Palestina e Israel e conflitos no Afeganistão, além de uma prova e um teste de proficiência em inglês. "O que me motivou foi meu sonho de transformar o mundo positivamente por meio da educação, alinhando essa experiência às minhas aspirações acadêmicas e profissionais", relata o estudante.

Para ter a inscrição aprovada, Alan contou com o apoio e o incentivo financeiro da família e de amigos, que fizeram campanhas e rifas para cobrir os custos da seleção. Também houve um esforço coletivo para ajudar com os gastos de passaporte e os trâmites burocráticos. Aliado ao auxílio da Secretaria da Educação (Seduc), que financiou as passagens, o estudante e a professora viajaram para o Panamá no dia 11 de janeiro, onde permaneceram até o dia 18 de janeiro. 

No evento, realizado no Hotel Radisson e no Parlamento Latino-Americano e Caribenho, o Parlatino, os jovens demonstraram suas habilidades de argumentação ao longo de uma semana que envolveu palestras, oficinas e simulações de encontros diplomáticos. Alan ressaltou uma frase que escutou da Ministra da Educação do Panamá durante essa imersão de atividades. "Ela disse: 'Não seja um número, seja um fator.' Essas palavras ecoaram em mim de forma poderosa, servindo como o combustível que precisei para enfrentar os desafios”, recorda. 

Os estudantes receberam com quase um mês de antecedência os tópicos que cada um ficou responsável por abordar. Assim, puderam assumir o papel de diplomatas e embaixadores, representando outros locais que não são necessariamente os seus países de origem. 

No caso do Alan, ele agiu como representante da Colômbia, em uma reunião simulada do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que tratou sobre a questão do acesso à educação das crianças ribeirinhas, principalmente das populações na floresta Amazônica. Foi a primeira vez em que um comitê do evento ocorreu na língua portuguesa, com a participação de outros alunos brasileiros, simulando o Chile e o Kuwait .

O jovem conta que essa experiência também permitiu desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de liderança. "Não basta apenas dominar a teoria; é preciso inovar, conectar ideias de forma estratégica e propor caminhos que rompam com o óbvio. Trabalhei para transformar impasses em oportunidades, conciliando perspectivas divergentes e promovendo alianças estratégicas que poderiam servir como exemplo para debates no mundo real," explica. 

Segundo a professora Marta, Alan se destacou pela capacidade de argumentar e apresentar soluções de forma diplomática, mostrando todo seu preparo para abordar uma discussão complexa. Por isso, o estudante recebeu o prêmio “Best Delegate”. “Além de escrever bem, ele é muito articulado e tem muita bagagem. Eu já imaginava que ele iria ganhar, pois esse tipo de evento exige exatamente isso, um perfil diplomático e confiante", completou a professora.

Com o troféu, Alan agora pretende seguir no futuro em uma carreira na área de diplomacia e no campo da economia. A partir dessa experiência internacional, ele já planeja ingressar na Universidade de Harvard para cursar Ciência Política assim que finalizar o Ensino Médio. “Meu maior plano é transformar minhas aspirações em realidade e causar um impacto global significativo,” afirma.

Por fim, incentivando outros estudantes da Rede Estadual, Alan deixa uma mensagem de motivação. "O mais importante não é a vitória, mas sim a jornada. Muitas vezes, já perdi e recebi muitos nãos, mas isso nunca me impediu de seguir em frente. Então, busque sempre ambientes e pessoas que te inspirem, que te desafiem a crescer e a ser melhor. E, acima de tudo, acredite no mundo e em você. Nós somos o futuro, e o que fizermos agora define o amanhã”, conclui.

Sobre o Harvard National Model United Nations 

O evento, organizado pela Universidade de Harvard desde 1955, é uma das simulações mais prestigiadas do mundo, recriando os desafios das negociações internacionais. Desde 2012, ganhou uma edição focada na América Latina, realizada em cidades como Buenos Aires, Brasília, Natal, Lima e Cidade do México. Nesta edição, Alan foi o único representante do Rio Grande do Sul entre os quatro brasileiros selecionados.