Cachoeira do Sul agora tem uma escola indígena
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Já está funcionando em Cachoeira do Sul a Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Tradicional Kyringue Nhemboea, da etnia mbyá guarani. Um total de 23 índios frequentam as aulas, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em dois locais distintos: uma sala de aula está na localidade de Irapuá, em galpão às margens da BR 290, com 14 alunos e a outra, na Cordilheira, no prédio de uma escola municipal desativada, com 9 estudantes. As duas turmas ocorrem porque a comunidade indígena está dividida, em termos de moradia, nesses dois lugares.
A responsável financeira pela nova escola é a coordenadora pedagógica da 24ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), professora Bia Mazuim. Ela explicou que a escola vem sendo estruturada desde janeiro, quando passou a pertencer à região da 24ª CRE. Antes, pertencia à 13ª CRE, de Bagé, devido ao entendimento de que a área ocupada pelos indígenas era pertencente ao município de Caçapava do Sul (a localização é limítrofe). Desde outubro, as aulas estão ocorrendo sistematicamente, com dois professores guaranis e uma merendeira também indígena.
Bia informou que a escola já está recebendo recursos financeiros para compra de materiais, livros e alimentação escolar, mas se diferencia pela organização adequada ao modo de vida dos índios. Ela explicou que, por isso, não necessariamente precisa de uma estrutura física tradicional ? entretanto, por ser a vontade daquela comunidade, ocorrerá a construção. A proposta pedagógica e o regimento, que serão formalizados ao longo do ano que vem, também podem refletir essas diferenças. ?O guarani é a língua materna na escola, e a língua portuguesa é a segunda língua?, exemplificou a Coordenadora Pedagógica.
Para o próximo ano, também está previsto o encaminhamento da construção de estrutura física permanente para a parte da escola que está funcionando num galpão. ?Essa estrutura será feita de acordo com a cultura e as necessidades apresentadas pela própria comunidade?, completou Bia. Segundo ela, os dois professores e a merendeira são contratados entre e pertencem à própria comunidade. No caso dos docentes, eles precisam ser alfabetizados e participam de formações pedagógicas mensais. Também frequentarão, no próximo ano, o Curso Normal.
A Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Tradicional Kyringue Nhemboea, de Cachoeira do Sul, é a segunda escola indígena da região da 24ª CRE. Em 2012 foi criada a Estadual Guarani Karai Tataendy Verá Claudio Acosta, na aldeia indígena Flor da Mata, localizada em Itaúba, interior de Estrela Velha. Agora, Cachoeira do Sul possui 23 estabelecimentos de ensino estaduais e, a região da 24ª CRE, 52.
A coordenadora pedagógica da 24ª CRE, professora Bia Soares Mazuim, informou que, na escola guarani, a educação é bilíngue, ministrada nas línguas guarani (materna) e portuguesa (segunda língua), valorizando e preservando a cultura indígena, bem como a permanência na comunidade.
Bia explicou que toda a organização escolar e o processo de criação e funcionamento da escola é feita em conjunto com os líderes indígenas do local, respeitando a sua cultura própria.
O nome da escola também tem significado para a comunidade: Kyringue Nhemboea quer dizer ?criança que aprende? em guarani.