Autoconhecimento e autorregulação são temas do Acolher&Educar
Professora Carolina Campos, fundadora do Vozes da Educação, abordou a importância da regulação emocional no trabalho docente
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No encontro da série Acolher e Educar desta quinta-feira (13/06), os conceitos de autoconhecimento e as técnicas de autorregulação emocional foram destaque. Voltada para os educadores, o evento teve a apresentação da servidora da Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação, Letícia Grigolleto, e contou com a participação da professora Carolina Campos, fundadora do Vozes da Educação.
A iniciativa da Secretaria de Educação (Seduc) compartilha informações e orientações por meio de lives. A programação busca incentivar uma retomada segura e acolhedora nas escolas após os eventos climáticos extremos de maio. Gravadas no estúdio do Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre, as transmissões são realizadas nas terças e quintas, com transmissão ao vivo no canal TV Seduc RS, no YouTube.
Letícia Grigolleto iniciou o encontro com o panorama atual das escolas no Estado, demonstrando que mais de 97% das instituições de ensino da rede estadual já retornaram às atividades, abrangendo cerca de 714 mil alunos. “Então o retorno pendente ainda é de 3,1%, mas estamo avançando rapidamente para o atendimento desses estudantes”, reforçou.

Na sequência, a professora Carolina Campos trouxe um conjunto de conceitos para refletir sobre a importância do autoconhecimento, envolvendo a percepção de como os sentimentos emergem no contexto escolar. Durante a transmissão, ela abordou a perspectiva do letramento emocional. “Nosso objetivo é dizer que, quando a gente se conhece, temos a possibilidade de identificar e nomear o que estamos sentindo. Isso não é uma tarefa fácil. Muitos de nós fomos criados para entender que emoções fortes devem ser reprimidas”, afirmou.
Ao longo da live, um dos principais pontos em debate foi a autorregulação, que é a capacidade de controlar as próprias emoções, comportamentos e reações frente a estímulos. Carolina explicou que esse esforço pode ter consequências positivas, esclarecendo que, quanto mais um educador consegue se autorregular, mais preparado ele estará para antecipar os efeitos de suas ações a palavras na sala de aula. “Um professor pode ensinar seus alunos a se regularem. Ele pode, por exemplo, emprestar sua maturidade, olhando para um aluno que está muito nervoso e levando a sua calma para o caos do estudante. Isso é um trabalho de co-regulação”, comentou.
Carolina detalhou o conceito de janela de tolerância, relativo à habilidade emocional de enfrentamento. Dentro dessa janela, o sistema nervoso está equilibrado, permitindo que a pessoa lide com o estresse, regule suas emoções e responda de maneira adaptativa às demandas do ambiente. “Todos os dias, vivenciamos situações que vão nos deixar mais alertas ou mais relaxados. Essas flutuações não são nem percebidas. Porém, algumas situações extrapolam essa capacidade e colocam em um lugar de profunda desmotivação ou ansiedade”, ressaltou.
Para retornar a um estado de equilíbrio, Carolina sugeriu aos professores técnicas imediatas para desviar o foco da emoção, como olhar ao redor da sala de aula, contar de trás para frente ou identificar cores e sons, ajudando a sair de estados de incômodo e angústia.
Além disso, foram abordadas estratégias para lidar com emoções como a raiva, que muitas vezes é um tabu para educadores. ”É autorizado socialmente o professor se sentir cansado, triste ou sobrecarregado. Mas, quando um professor fica com raiva, é como se ele não pudesse senti-lá, como se não fosse dado o direito de expressar a própria raiva”, esclareceu Carolina, mostrando que é um sentimento legítimo, que deve ser acolhido de uma forma saudável.
Carolina trouxe também recomendações para lidar com os gatilhos da raiva no mundo docente. Entre as possibilidades, estão exercícios como se observar no momento estressante, registrar por escrito pensamentos de raiva para ler depois e reformular percepções negativas de modo a quebrar padrões disfuncionais.
Por fim, ela enfatizou que a autocompaixão é uma aliada essencial dos educadores, ajudando a melhorar o ambiente de sala de aula, e refletiu sobre a superação de momentos traumáticos. “O trauma nos torna pessoas mais rígidas, com mais mecanismos de defesa. Ele é uma ferida emocional e biológica, pois também machuca, de certa forma, o cérebro. Não é só um comportamento psicológico. A boa notícia é que não é um comportamento determinante, já que temos uma neuroplasticidade. A gente consegue criar novas memórias mesmo a partir do trauma”, concluiu Carolina.
As lives do Acolher e Educar possuem um momento de escuta. Ao final da transmissão, foram respondidas perguntas dos participantes, enviadas via um QR Code.
Assista à live na íntegra:
Acolher & Educar - Autoconhecimento e autorregulação emocional
Acolher & Educar é um conjunto de ações de orientação e compartilhamento da Seduc com a comunidade escolar para uma retomada acolhedora às escolas. Crédito: TV Seduc RS