Fórum aborda o Currículo Azul na Região Sul e destaca a inclusão da cultura oceânica no currículo escolar
Iniciativa reforça compromisso do estado com educação inovadora, ambientalmente consciente e alinhada às metas da Agenda 2030
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Nesta quarta-feira (15/5), o Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre, foi palco do Fórum da Cultura Oceânica: o Currículo Azul na Região Sul, reunindo autoridades, pesquisadores, educadores e estudantes para debater o papel da educação na construção de uma sociedade mais resiliente às mudanças climáticas. O evento é parte de uma série nacional, promovida em todas as regiões do Brasil, para fomentar a integração da cultura oceânica às políticas públicas educacionais.
Com foco em promover o Currículo Azul, o Fórum reforça a urgência de conectar o conhecimento sobre o oceano à formação cidadã e profissional dos estudantes. O Brasil é o primeiro país do mundo a assumir esse compromisso de forma oficial, sendo reconhecido pela UNESCO como pioneiro na articulação entre educação e cultura oceânica. No contexto da região Sul, e especialmente no Rio Grande do Sul, a iniciativa ganha força diante dos recentes desafios climáticos enfrentados pelo estado.
A cerimônia de abertura reuniu autoridades de diferentes esferas da educação, da ciência e da defesa ambiental. Estiveram presentes André Domingues, diretor-geral da Secretaria da Educação (Seduc); Felipe Alonso, superintendente de Gestão Pedagógica do município do Rio Grande; Fátima Anise, presidente do Conselho Estadual de Educação do RS; o Capitão de Mar e Guerra Flávio Firmino, da Capitania dos Portos de Porto Alegre; Joel Goldenfum, secretário executivo do Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática; Suzane da Rocha, reitora da Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Ronaldo Christofoletti, presidente do Grupo de Experts em Cultura Oceânica da IOC – UNESCO; e Cristiane Martin, vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação do RS.
Cultura oceânica como resposta educativa à crise climática
Com mais de 70% da superfície terrestre coberta por oceanos, e seu papel essencial na regulação do clima, segurança alimentar, biodiversidade e economia sustentável, compreender os oceanos é fundamental para preparar as futuras gerações. Inserir essa pauta no currículo escolar é, portanto, uma estratégia educativa alinhada às demandas globais e locais.
O diretor-geral da Seduc, André Domingues, destacou o papel da educação pública na promoção da consciência ambiental. “Somos agentes multiplicadores. É nossa responsabilidade reverberar essa pauta e integrar o cuidado com o oceano ao cotidiano escolar. A temática ambiental não é nova, mas ela nos cobra uma postura cada vez mais ativa e comprometida dentro da educação pública. Precisamos fazer com que os estudantes entendam o impacto das nossas ações e o valor do que está submerso e, muitas vezes, invisível aos olhos”, afirmou.
Com sensibilidade e olhar atento à realidade das escolas, a presidente do Conselho Estadual de Educação do RS, Fátima Anise, ressaltou no Fórum que a educação ambiental precisa ir além da teoria. Ela reconheceu o valor das diretrizes já existentes, mas defendeu a urgência de torná-las mais aplicáveis no dia a dia da escola. “Essa oportunidade de inovação traz um novo olhar, uma nova perspectiva para a educação ambiental. O Currículo Azul nos permite repensar a forma de estar no mundo e construir uma escola com mais significado”, pontuou.
A programação também destacou ações em andamento na rede estadual de ensino voltadas à construção de escolas mais preparadas para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Guilherme Corte, coordenador da Assessoria de Integridade e Atendimento ao Cidadão, apresentou iniciativas da Seduc que envolvem escuta ativa das comunidades escolares afetadas, atenção à saúde socioemocional e estratégias de adaptação curricular. Na mesma linha, Sherol dos Santos, diretora do Departamento de Desenvolvimento Curricular da Educação Básica na Seduc, defendeu uma educação que promova o cuidado, o acolhimento e o reconhecimento da diversidade, reforçando que reconstruir a escola também é um passo essencial para prevenir novos impactos sociais e ambientais.
Vozes da escola: estudantes e professores mostram caminhos
Em uma das mesas mais inspiradoras do evento, estudantes e professores de Escolas Azuis compartilharam vivências que revelam como a cultura oceânica pode transformar a educação mesmo em regiões distantes do litoral. A professora Tanise Caroline e a estudante Naiellen Eduarda Pies, da EMEF Mainardo Pedro Boelhouwer, de Santo Cristo, relataram o impacto de ser uma das primeiras escolas a aderir ao programa no estado. Com projetos que conectam o cotidiano dos estudantes à importância da água e dos rios locais, elas mostraram como o engajamento com o tema desperta a consciência ambiental e valoriza o protagonismo juvenil no processo educativo.
Já a professora Vivian Gonçalves Paes e o estudante João Vítor Pereira de Moraes, da EMEF Luiza Sophia Schmidt Tavares, localizada em uma área rural de Rio Grande, trouxeram experiências de uma escola comprometida com a sustentabilidade e com a realidade da comunidade pesqueira do entorno. Eles apresentaram ações como hortas escolares, compostagem e produção de vídeos sobre o meio ambiente, que integram o currículo escolar com práticas de cuidado com o solo, a água e os resíduos, promovendo uma aprendizagem significativa, conectada ao território e ao futuro do planeta.
A última mesa do evento, dedicada aos desafios e oportunidades da implementação do Currículo Azul na região Sul, reuniu pesquisadores e gestores para debater como ampliar a formação de professores, produzir recursos pedagógicos e mobilizar comunidades escolares em torno da pauta ambiental.
O Fórum reforça o compromisso do Rio Grande do Sul com uma educação inovadora, conectada com os grandes desafios contemporâneos e atenta ao papel formador da escola na construção de um futuro mais justo e sustentável.