13ª CRE: Incentivo à leitura movimenta escola Arthur Damé
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Depois de entrar no mundo dos livros, um grupo de alunos vai à escola para incitar os colegas a praticar a mesma atividade. Há quase três meses, as turmas das 7ª e 8ª séries da Escola Estadual de Ensino Fundamental Arthur Damé, de Bagé (município-sede da 13ª Coordenadoria Regional de Educação ? CRE) aderiram ao projeto ?Despertando o prazer pela leitura?. Os estudantes leem os livros em casa e, no contraturno das aulas, visitam as salas de aula para contar as histórias às crianças da pré-escola ao 5º ano.
Apesar de ser desenvolvido há pouco tempo, o projeto já está tendo bons resultados. Um exemplo disso é o aluno Yago Ferreira Martins, da 8ª série. Ele confessa que tinha preguiça de ler e agora visita a biblioteca da escola em média cinco vezes por mês. A colega de Yago Michele Pinto Fagundes, de 16 anos, também está animada com a nova atividade. ?O que mais motiva é ver os rostinhos deles (alunos) querendo saber o final da história?, revela a adolescente, que pretende ser professora de Ciências.
Quem ouve as histórias também está bem satisfeito. ?Eles são divertidos, a gente gosta?, diz a aluna do 2º ano, Amanda Leite Rodrigues.
Segundo as responsáveis pelo projeto, a orientadora educacional Maria Cristina Souza da Silva e a supervisora Daniela Cristine Lehmen Hoff, o movimento na biblioteca aumentou consideravelmente desde a implantação do projeto. ?Eles fazem relatos para a professora de Língua Portuguesa?, destaca Maria Cristina. Conforme ela, os alunos estão mais responsáveis com os afazeres escolares desde que começaram a participar do projeto. ?Eram umas crianças que não tinham interesse em nada?, afirma.
O comportamento dos estudantes também melhorou, de acordo com a diretora Tânia Marli Moreira Pacheco. ?Chamávamos mãe, chamávamos pai e, hoje, a autoestima deles aumentou de tal maneira que é bom para eles, bom para nós. Eles se aproximam mais de nós e é bom para a vida deles. O aluno tem que ser valorizado, para fazermos, juntos, uma caminhada bonita?, acredita Tânia.
A escola bageense, situada na Vila Damé, conta com cerca de 400 alunos. ?Os nossos alunos, por serem da periferia, têm a autoestima baixa e a gente quer que eles se sintam capazes das coisas?, ressalta Daniela Cristine.
Com o projeto, que conta com o auxílio das professoras Patrícia Priebe e Rosemeria Barreto Ianzer, o colégio passou a ter o Cantinho da Leitura e os alunos do 6º ano estão trabalhando com a produção de textos. ?A ideia, o sonho foi nosso, mas, se não fossem os nossos alunos, não conseguiríamos realizar esse sonho. Eles precisam de orientação e, se a gente orientá-los e cultivarmos isso, fizemos um trabalho maravilhoso com eles?, analisa Daniela.
Maria Cristina destaca que o projeto terá continuidade no segundo semestre e a intenção é desenvolver também outras atividades, envolvendo as disciplinas de Ciências e Matemática.
Dedicado, João Vitor Gonzalez Nogueira, 13 anos, comenta: ?Hoje é a gente que está lendo e um dia serão eles que vão ler para outros alunos?. Para Raiane Franco Jacques, esse dia já chegou. Aos 6 anos, ela leu, na semana passada, todo o livro ?Isso não é brinquedo?, de Ilan Brenman, para os colegas do 1º ano. ?Eu gosto de ler?, diz orgulhosa.
A coordenadora regional de Educação, Nádia La Bella, ressalta que atividades com essa da Arthur Damé devem ser valorizadas e expandidas para outras escolas, pois é fundamental o hábito da leitura na formação das crianças e adolescentes.
Oficina de Leitura e Produção de Textos
O estímulo à leitura na Arthur Damé também está presente na oficina de Leitura e Produção de Textos, oferecida pelo Programa Mais Educação. ?Trabalhamos a partir do interesse dos alunos, sempre procurando construir as atividades de forma lúdica e conectadas com a realidade sociocultural deles. Não apresentamos trabalhos prontos. Uma ideia que pode ser um texto, uma imagem como ponto de partida para a criação própria dos educandos?, explica o oficineiro César Bittencourt Alves Branco. ?Buscamos incentivar a bagagem cultural dos alunos e melhorá-la sem, no entanto, destruí-la, pois entendemos não haver cultura melhor ou pior, cultura é cultura?, completa.