Outubro Rosa: Mês de Prevenção contra o Câncer de Mama
Publicação:
A campanha do Outubro Rosa é reconhecida internacionalmente como o mês de conscientização do câncer de mama, uma das doenças que mais afetam as mulheres no mundo inteiro. Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer, mais de 60 mil novos casos são registrados por ano apenas no Brasil.
Com o objetivo de unir esforços nessa campanha, a Secretaria da Educação (Seduc) trará, nas próximas semanas, relatos de servidoras da rede estadual de ensino que enfrentaram e venceram a doença. São histórias de superação que não apenas mostram a importância do tratamento precoce, mas também revelam a resiliência e a força de vontade que podem inspirar outras pessoas a buscar o autocuidado.
O primeiro sinal e a importância do diagnóstico precoce
Camila Lorezeni, de 35 anos, é servidora da Seduc desde 2019, trabalhando como assessora jurídica do gabinete. Porém, em outubro daquele mesmo ano, ela percebeu o surgimento de um nódulo. Ao fazer os exames, em uma consulta de rotina, os resultados indicaram que parecia inicialmente uma alteração do tipo BI-RADS 3, ou seja, um tumor com alta probabilidade de ser benigno. No entanto, é necessário um acompanhamento semestral para avaliar se existe alguma mudança.
"Quando chegou abril de 2020, já em plena pandemia, eu tinha esquecido disso completamente. Nessa época, quase todo mundo estava em teletrabalho na Seduc, pois a maioria dos nossos servidores são mais velhos, do grupo de risco pela idade. Eu era uma das únicas pessoas indo no presencial. Em meados de maio, teve um certo dia em que eu acordei com muita dor na mama esquerda e, ao tocar, senti um nódulo saliente. Comecei a investigar. Era outro, e este, infelizmente, era maligno”, conta Camila.
Com a descoberta, veio a percepção de que o tumor, do tipo triplo negativo, crescia rapidamente. "Em outubro ele não existia, e em maio já tinha 2,4 centímetros. Quando iniciei o tratamento, em junho de 2020, ele já estava com 4,6 centímetros e havia atingido alguns linfonodos na axila. Foi uma verdadeira corrida contra o tempo."
O susto do diagnóstico em plena pandemia
O diagnóstico chegou em um contexto de incerteza ainda maior por conta da pandemia de Covid-19. “Estava todo mundo em casa, muitos hospitais com restrições. Eu estava longe da minha família, há meses sem vê-los. A parte mais difícil, para mim, foi dar a notícia para os meus pais. Foi difícil vê-los sofrendo, preocupados. A gente tinha todo esse medo por causa da pandemia, de abraçar. Então eu virei grupo risco de vida, tive que me isolar das pessoas no momento que eu mais precisava. Mas eu sempre falo que nunca recebi tanto amor na minha vida quanto naquela época”, compartilha de forma emocionada, ressaltando o quanto foi acolhida pela equipe médica.
"Tive a sorte de encontrar médicas incríveis, nunca tive aquela sensação de precisar de uma segunda opinião. Todas elas em um acolhimento incrível, falando como seria, de uma maneira direta e acolhedora."
Nesse sentido, Camila reforça que a rede de apoio de familiares, amigos e colegas foi fundamental para fortalecer vínculos e ajudar no tratamento. “Meus pais e meu irmão meio que pararam a vida deles para cuidar de mim. Se não fosse isso, eu acho que eu não teria conseguido. E comecei a contar muito da minha doença nas redes sociais, então eu entrei num mundo que eu não conhecia. Na Seduc, sempre me senti muito acolhida e respeitada. Mesmo depois de voltar ao trabalho, em março de 2021, continuei recebendo apoio para conciliar minha rotina intensa de exames e consultas”.
A batalha do tratamento
Para conter a propagação do câncer, o tratamento de Camila precisou de intensidade, com 16 sessões de quimioterapias ao longo de 2020 para atacar as células do tumor. "Fiz quatro quimioterapias vermelhas a cada 15 dias, e depois 12 brancas semanalmente. Algumas sessões precisei adiar, pois minha imunidade estava muito baixa. A pior fase foi a das vermelhas, que acabaram comigo. Eu não tinha forças para nada. Tinha que tomar banho sentada, não conseguia me alimentar, dirigir ou fazer coisas simples."
Apesar das dificuldades, ela não deixou de buscar forças para resistir, transformando os obstáculos em determinação para também ajudar quem mais precisava. "Quando soube que meu cabelo iria cair, já quis doar para uma instituição que faz perucas para crianças carentes."
Além disso, Camila adotou uma postura de enfrentamento, procurando auxílio e fazendo o esforço necessário para sustentar o corpo e a mente. "Procurei nutrólogo, mudei completamente minha alimentação, fui para psiquiatra. Combati a doença em várias frentes", disse.
Após a quimioterapia, Camila passou ainda por uma cirurgia e 25 sessões de radioterapia. "A cirurgia foi tranquila, porque um exame genético indicou que eu não tinha propensão a ter a doença novamente. Então, fiz apenas uma retirada do quadrante, sem precisar da mastectomia", explica.
O processo de cura, contudo, além dos efeitos colaterais na parte física, causou um desgaste emocional devido ao volume do tratamento. "No final, eu estava esgotada. A radioterapia foi difícil porque era todos os dias, e eu estava muito cansada. Esse foi o momento mais emocionalmente pesado para mim."
Uma ressignificação da vida
Hoje, depois de ter superado o câncer, Camila percebe uma profunda transformação pessoal. "A gente não faz ideia do quanto é forte até precisar ser", reflete. "Antes, eu me preocupava com coisas como meu cabelo, meu peso. Hoje, valorizo coisas simples, como tomar um banho sem ajuda ou sentir o sabor da comida."
Ela também faz questão de destacar a importância de as mulheres estarem atentas aos primeiros sinais do corpo. "O diagnóstico precoce me salvou. Sempre vou defender essa pauta: conheçam seus corpos, procurem ajuda ao menor sinal de alerta", enfatiza. E finaliza com uma mensagem de esperança: "Não é fácil, mas vale a pena. Vale a pena lutar pela vida."