Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da

Educação

Início do conteúdo

Instituto Gomes Jardim: inclusão no cotidiano

Publicação:

1332528721688.jpg
Educação e cidadania
No cotidiano do Instituto Estadual Gomes Jardim, escola da rede estadual de Guaíba (12ª Coordenadoria Regional de Educação ? CRE) que completou 85 anos em 2011, os gestos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) estão presentes do Ensino Fundamental ao Curso Normal. Nas paredes das salas de aula dos anos iniciais e dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental há alfabeto em Libras. Um passeio rápido da repórter pelas turmas de 1º a 5º ano mostra professoras dedicadas, também aprendendo Libras para ensinar os pequenos estudantes. Para estudantes do 1º ano, a alfabetização ocorre em duas línguas, português e libras. Fora das salas de aula, no entanto, há um espaço ? o melhor da escola, que até 2010 constituía a sala dos professores - especial no andar térreo da Gomes Jardim: é a Sala Maria Montessori, a sala multifuncional, montada com recursos do Ministério da Educação (MEC) e que desde 2011 atende a todas as turmas da escola, do fundamental ao médio, apresentando aos estudantes a língua que permite a comunicação com a comunidade surda. Mas não só: na sala multifuncional, há atendimento para alunos com deficiência intelectual, visual e com transtornos globais de desenvolvimento. Esta é uma das 367 salas multifuncionais instaladas em escolas da rede estadual gaúcha. Ali, conta a professora Cláudia Martins, alunos ? até o curso normal ?, professores, funcionários e equipe diretiva têm contato com a Libras. ?A intenção é preparar ouvintes para que possamos receber na escola aqueles que não ouvem?, explica a professora que, em 2012, deixou de trabalhar de forma itinerante em escolas de São Jerônimo, Camaquã e Guaíba, para atuar 40 horas na Gomes Jardim. Cláudia faz questão de aprofundar os laços com a escola e a comunidade escolar. Aliás, a escola onde hoje trabalha de segunda a sexta-feira, pela manhã e à tarde, também foi o local de sua formação. Foi ali que ela cursou o Normal, entre 1994 e 1996. De lá pra cá, o amor pela educação especial ? hoje denominada educação inclusiva ? só aumentou. Aprofundou o conhecimento em Libras, estudou, formou-se tradutora/intérprete, realizou cursos de extensão na área, permitindo sua atuação dedicada no AEE (Atendimento Educacional Especializado), estimulando a inclusão de meninos, meninas e adolescentes com deficiência visual, auditiva e intelectual no cotidiano escolar. ?Nesta sala, nesta escola, vivo o meu sonho, a minha vida?, frisa. A parceria com a comunidade escolar é fundamental para o êxito do trabalho ?Buscamos, desde os anos iniciais, estimular a convivência e o respeito às diferenças, entender nossos alunos?. Na prática, o trabalho contribui para o desenvolvimento de cada um, sem valorizar a deficiência dos estudantes que as têm, e estimulando o interesse daqueles que virão a atuar nas salas de aula dos anos iniciais como alfabetizadores: Allan, Patrícia, Carol, Krishna, Diana, Ariele, Priscila são alguns dos alunos do Normal que tiveram em 2011 aulas de Libras. A experiência abriu os olhos dos jovens para um novo mundo. Auxiliar a alfabetização de crianças com deficiência auditiva, poder contribuir para que o isolamento a que estão sujeitos alunos surdos em uma sala de aula de ouvintes se desfaça são pontos destacados com unanimidade pelos futuros educadores. Mas se estudantes com algum tipo de deficiência encontram no Gomes Jardim portas abertas, o comprometimento também deve vir das famílias. Ao ser detectada a necessidade de AEE, os pais ou responsáveis são convidados a comparecer à escola. Assumem o compromisso de acompanhar o desenvolvimento dos filhos, de levá-los à escola no turno inverso ao das aulas para atendimento específico. O trabalho é reconhecido. Em 2011, Millena de Souza Ribeiro, 11 anos, uma das duas estudantes com surdez profunda (há outras seis crianças com surdez parcial) que são atendidas na escola (o universo dos alunos é de 1057 pessoas) chegou à escola pelas mãos do professor de Libras Daniel Martins. A responsável pela menina foi à 12ª CRE atrás de atendimento, já que nenhuma escola a recebia. Daniel sugeriu a escola onde trabalhava, a Gomes Jardim. Em março de 2012, uma carta chegou à escola. Era da responsável por Millena, que dizia (textualmente): ?A escola fez inscrição de forma normal, como qualquer outra criança...a escola dispôs de estrutura... atenção e carinho de todos os funcionários, comprovada... Millena sempre apresentou satisfação de receber atendimento com a professora Claudia e o progresso foi visível. Hoje já sabendo se comunicar através da sua língua ? libras e nos ensinando em casa... A professora apresentou ter muita dedicação para que ela se desenvolvesse como os outros alunos na sala de aula, sem nenhuma forma de preconceito... Conclusão: observei que todos trabalharam juntos. Cláudia, Gladis (nota: a professora do 1º ano, coautora da apostila português-Libras usada para alfabetização dos pequenos), direção, e isto fez a diferença das outras escolas e na vida de Milenna... ?Este é o reconhecimento do trabalho de uma equipe?, resume a professora que encontrou na educação especial/inclusiva uma razão de atuar profissionalmente.
Secretaria da Educação