Casa de Cultura Mário Quintana promove ciclo de debates "Toda escola é uma casa de cultura"
Projeto destinado aos educadores desenvolve abordagens pedagógicas decoloniais, democráticas e antirracistas
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A Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), em parceria com a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), promove, de março a novembro, o ciclo de debates “Toda escola é uma casa de cultura”. A iniciativa faz parte das atividades desenvolvidas pelo Núcleo Educativo da CCMQ, sendo totalmente gratuita e dirigida aos educadores das redes pública e privada. Os debates têm por objetivo estimular abordagens pedagógicas decoloniais e democráticas e se desenvolvem durante nove encontros online, sempre aos sábados, das 9h às 12h, com carga horária total de 54 horas e emissão de Certificado. As Inscrições devem ser feitas online pelo link https://forms.gle/x6uDbqSxbGgAereZ9.
Relacionando conteúdos à programação das Secretarias de Cultura e Educação do Estado, o projeto conta com ministrantes de diferentes áreas, como artistas visuais, musicistas, poetas, advogadas, historiadores e profissionais da saúde. Essa multidisciplinaridade vai contribuir com a instrumentalização do corpo docente, preparando-os para uma atuação antirracista, multicultural e anticapacitista, de modo a transformar, cada vez mais, a sala de aula em uma experiência de inclusão.
O primeiro dos encontros pela plataforma Zoom acontece no dia 12 de março. A seguir, a programação completa:
Encontro 1 | 12 de março de 2022 - Apresentação. Direitos das mulheres: por um mundo sem violência - Apresentação do Projeto e conceitos norteadores. Sob um enfoque de raça, classe e gênero, o encontro aborda as estruturas machistas e racistas da cultura brasileira e suas consequências na vida das mulheres. Como abordar, em sala de aula, temas como violência de gênero? Qual o papel da educação no rompimento dos ciclos de violência? O que fazer diante de casos concretos que colocam em risco a vida e a dignidade das professoras e dos estudantes? As convidadas são as advogadas Bruna Fernandes Marcondes e Luana Pereira da Costa, que atuam em Direitos Sociais e Políticas Antidiscriminatórias.
Encontro 2 | 9 de abril - Educação e direitos indígenas - Compreender que não há uma única forma de educação, e que a escola não é o único lugar em que ela acontece – e que, inclusive, talvez nem seja o melhor – é um dos primeiros passos para pensarmos em uma educação decolonial e multicultural. O encontro tem como convidadas Raquel Kubeo, pedagoga, atriz, curadora e mestranda em Educação, que fala sobre perspectivas ameríndias de arte e educação. Junta-se a ela Suzana Belford Kaingang, formada em Direito, doutoranda em Educação e uma das fundadoras da Organização Indígena Instituto Kaingáng (INKA).
Encontro 3 | 14 de maio - Direitos LGBTQIAP+ - Discutir, em sala de aula, os diferentes modos pelos quais as pessoas se relacionam afetivamente nem sempre é fácil. Por ser cercada de tabus e preconceitos, a sexualidade acaba sendo colocada em segundo plano. Com isso, a falta de informação tem impacto direto na vida dos estudantes. O encontro tem participação da psicóloga e mestranda Ana Carolina Tittoni, de Caio Tedesco e Mozart Carvalho, representantes do grupo CLOSE RS - Centro de Referência da História LGBTQI+ do Rio Grande do Sul. Em pauta, o debate sobre o lugar da escola na luta contra o preconceito sobre relações homoafetivas e não-normativas e de que forma o corpo docente pode ser um aliado do esforço contra a homofobia.
Encontro 4 | 11 de junho - Direitos LGBTQIAP+ - A maneira como nos definimos e nos entendemos enquanto pessoas ganha cada vez mais novos contornos e possibilidades. Saber acolher e respeitar as diferenças torna-se imperativo quando se objetiva a construção de adultos saudáveis, capazes de atingir seus potenciais. Para acompanhar essas transformações e permanecer longe de reducionismos, a enfermeira Sophie Nouveau, ativista trans, integrante do Comitê Técnico Estadual de Saúde LGBT - RS e do Coletivo Transfeminista aborda saúde mental, com ênfase na população trans. Já o artista e arte-educador Gaby Farias fala sobre arte-educação e sexualidade.
Encontro 5 | 9 de julho - Direito à literatura - Este encontro discute a literatura enquanto instrumento para a construção do mundo – e de outros mundos possíveis. Com a participação de escritoras que pensam a escrita como vetor para denúncia e combate de práticas discriminatórias, a atividade abrange desde o racismo estrutural até as diversas expressões de gênero. Participam do encontro Lilian Rocha, poeta e musicista, Conselheira da Associação Negra de Cultura (ANdC) e integrante da Sociedade Partenon Literário e da International Writers and Artist Association (IWA), e Atena Beauvoir, escritora e poetisa, professora e filósofa.
Encontro 6 | 6 de agosto - Direito à alimentação saudável: culinária ancestral como patrimônio imaterial - Uma criança com fome em sala de aula, denuncia que, mais que um problema individual, a fome é uma questão política. O encontro debate a centralidade da alimentação saudável, dentro e fora da escola, a partir da sua relação com a diáspora negra, com a valorização da culinária ancestral e com o melhor aproveitamento dos alimentos. As convidadas são as nutricionistas Bruna de Oliveira, criadora do portal Crioula: Curadoria Alimentar, e Regina Miranda, uma das peças-chave na criação do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Encontro 7 | 10 de setembro - Direito à memória - O ambiente escolar ainda costuma reproduzir, enaltecer e ensinar narrativas hegemônicas. Ou seja, acaba repetindo não só os moldes da educação colonial como também as histórias dos vencedores. Para fomentar mais perspectivas dissidentes, os convidados são o ator e produtor Gustavo Deon e Vitor Ortiz, idealizador do podcast Desapaga Poa.
Encontro 8 | 8 de outubro - Direito à infância: a educação anticapacitista - Os desafios e obstáculos da comunicação e da inclusão na sala de aula são o tema deste encontro que reúne Joana Amaral, bailarina, artista, especialista em Educação de Surdos e intérprete de LIBRAS, e Carolini Constantino, assistente social, pesquisadora e ativista dos direitos das pessoas com deficiência. As discussões abordam modos pelos quais podemos garantir o direito das crianças com deficiência a uma infância digna e potencializadora.
Encontro 9 | 5 de novembro - Direito à infância: a educação antirracista - A questão racial no Brasil é fruto de um processo histórico e estrutural, e seus efeitos são sentidos desde cedo. O último encontro parte de estratégias de reconhecimento e combate a práticas racistas enraizadas na sociedade, normalizadas ou invisibilizadas no cotidiano. Os convidados são a pedagoga Mariana Prette, pesquisadora que intersecciona arte contemporânea, feminismo e a luta antirracista na educação infantil, e Richard Serraria, doutor em Letras, compositor, intérprete, percussionista e educador, que desenvolve a Pedagogia do Sopapo, instrumento típico da cultura afro-gaúcha.
Outras informações e esclarecimento de dúvidas pelo e-mail educativoccmq@gmail.com.