A Secretaria da Educação (Seduc), em parceria com o Instituto Iungo, deu início, nesta segunda-feira (22/4), ao curso “Cartografias – Projetos de Vida e Educação para as Relações Étnico-Raciais (PV-ERER)”. O lançamento ocorreu por meio de uma live, transmitida pelo canal TV Seduc RS, no YouTube. A formação faz parte de uma estratégia da Seduc para construir uma educação antirracista na Rede Estadual, valorizando trajetórias negras e indígenas.

O curso, desenvolvido de forma colaborativa, tem como foco o trabalho dos professores responsáveis pelo componente curricular Projeto de Vida. A partir da perspectiva da Educação para as Relações-Raciais (Erer), que busca combater toda a forma de preconceito e discriminação racial nas escolas, a iniciativa propõe ações práticas e reflexões sobre identidade, marcadores sociais e interseccionalidade.

O objetivo é dar visibilidade a histórias e vozes que frequentemente não são reconhecidas, valorizando as diferenças como potência.

A estrutura do curso, que será disponibilizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem da Seduc, está dividida em ciclos formativos. A primeira etapa é composta por uma trilha online de 10 horas, que segue até o dia 21 de maio. Depois, ocorrerá uma segunda transmissão, o Webinário 2, que discutirá novas epistemologias.

Na sequência, será aberto outro caminho da trilha, entre 21 de maio até 18 de junho, com temas sobre educação integral e práticas pedagógicas. Oficinas presenciais em junho e agosto completam a programação, abordando o planejamento de aulas em diálogo com a Erer, além de trazer a importância da representatividade.

Uma das metas da formação é enfatizar que o Projeto de Vida, no contexto do currículo escolar, vai além da definição de planos de carreira. Ele envolve reflexões que os estudantes precisam desenvolver sobre suas escolhas, valores e princípios. Nesse sentido, o curso parte da compreensão de que os marcadores sociais — como raça, gênero, classe, sexualidade, território e deficiência — e suas interseccionalidades impactam diretamente as trajetórias e as oportunidades de cada estudante

Por isso, a formação busca instrumentalizar os educadores para criar práticas pedagógicas que reconheçam a totalidade do estudante, combatam o racismo e promovam a equidade, transformando a escola em um local de resistência e transformação. A abordagem se inspira em intelectuais como bell hooks, defendendo a sala de aula como um espaço coletivo constituído por múltiplas realidades e vivências.

O curso Cartografias também destaca a trajetória de educadoras negras, como a professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, referência nacional na luta pela equidade racial na educação. Natural de Porto Alegre, Petronilha foi relatora da implementação da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas.

Em 2024, foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela UFRGS. O Ministério da Educação instituiu, neste ano, o Selo Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, que reconhece secretarias de educação comprometidas com a promoção da equidade racial.

O contato com essas histórias de vida é uma forma de inspirar a reflexão dos estudantes, mostrando como projetos de vida individuais também se conectam a lutas coletivas por transformação social.

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