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Outubro Rosa: A história de superação e resiliência de Georgia Amaral, servidora da Seduc, no combate ao câncer de mama

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Card alusivo ao Outubro Rosa, mês de prevenção contra o câncer de mama.
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Por Daniel Marcilio

Ao longo de todo este mês de conscientização sobre o câncer de mama, conhecido como Outubro Rosa, a Secretaria da Educação (Seduc) traz histórias de superação, valorizando as mulheres servidoras da Rede Estadual que enfrentaram a doença com resiliência e determinação. São relatos que revelam a necessidade da prevenção e do autocuidado, servindo de exemplo para alertar outras pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce.

Georgia Stella Ramos do Amaral, servidora pública há mais de 30 anos, é um exemplo inspirador, que revela como a atenção aos mínimos sintomas pode salvar vidas. Ela começou a trabalhar na Seduc em 1993, tendo sido nomeada para o cargo de auxiliar administrativo, hoje agente educacional. Natural de Santana do Livramento, ela esteve lotada no município até 2004, quando pediu transferência para Santa Cruz do Sul, onde trabalhou na Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira. 

Os primeiros sinais apareceram de forma sutil, durante a pandemia de Covid-19: dores nas costas e alterações no ciclo menstrual. O diagnóstico inicial, em um momento marcado pelo distanciamento social e a necessidade do teletrabalho, indicou um possível caso de ansiedade. Por conta de uma série de problemas constantes na coluna, Georgia não tinha motivos para suspeitar, a princípio, de algo mais grave. “Em casa, eram muitas horas de trabalho em uma cadeira que não era adequada, então as dores que eu estava sentindo poderiam ser um resultado natural do estresse do corpo. Até que, um dia, senti um caroço no meu seio”, conta. 

A partir de então, ela começou a fazer uma série de exames que confirmaram a presença de um nódulo.  “Fiz uma biópsia que mostrou que era benigno, mas, como tinha um agrupamento de calcificações na mama, teve que ser retirado com cirurgia, pois não é um bom sinal. Depois da remoção, o nódulo foi para análise, que revelou que era câncer. Daí, eu perdi o chão, porque eu não estava preparada”, diz Georgia.

O impacto da notícia foi ainda maior porque a família de Georgia possui um histórico de câncer, sendo que a mãe, o avô e a avó passaram por complicações semelhantes. “Então eu estava apavorada. A primeira coisa que vem à cabeça é que eu ia morrer. Claro que, depois que eu tive a primeira consulta com o oncologista, ele me tranquilizou bastante sobre o meu caso, sobre os índices de cura de câncer de mama, com mais de 90% de chance”, relembra.

Diagnosticada com o tipo HER2 positivo, um câncer agressivo, ela descobriu a doença depois de ter feito a retirada do tumor, que ainda estava em um estágio precoce, com dois centímetros e meio. A cirurgia foi realizada em 2021, e o tratamento de nove meses se desenrolou no auge da pandemia, com sessões de quimioterapia a cada 21 dias.

 "Eu fazia as aplicações e passava uns 15 dias mal, com muito desconforto, um pouco de enjoo, inchaços e dor de cabeça. Perdi todo o cabelo, mas isso não foi um problema, eu até me gostei careca. Até certo ponto, foi libertador a perda. Isto não falam para a gente: o processo é dolorido, o couro cabeludo fica sensível. Dói para cair e para nascer”, relata, ao descrever a rotina da quimioterapia.

Georgia teve que redobrar os cuidados com a alimentação. Devido ao contexto da pandemia, ela permaneceu isolada durante a maior parte do tempo. Porém, apesar do distanciamento físico, viu a rede de apoio se fortalecer, com mensagens de amigos e colegas de trabalho, além de cestas de presentes com produtos orgânicos e cartões de melhoras. "Recebi muito carinho, e foi especial perceber o quanto as pessoas estavam torcendo por mim, até aquelas com quem eu não tinha tanto contato. Entre uma consulta e outra, diziam palavras de incentivo, como 'vai dar tudo certo', e isso foi muito bom de ouvir"

Segundo Georgia, dois fatores decisivos para o sucesso do tratamento foram a assistência do Instituto de Previdência do Estado (IPE-Saúde), que garantiu agilidade para o processo, e a prestatividade dos colegas da Seduc. "Todas as minhas licenças foram tranquilas, e meus colegas respeitaram meu novo ritmo quando voltei ao trabalho", diz. 

Fora as dificuldades físicas, os desafios envolveram questões emocionais. “Minha maior dificuldade nem foi lidar com a minha saúde, mas com a perda do meu pai, que teve um AVC e adoeceu durante o meu tratamento. Não poder estar mais perto dele, dando assistência, foi a parte mais difícil,” desabafa. Apesar disso, Georgia manteve as esperanças, percebendo que, ao longo das sessões, a sua própria percepção de mundo passou a mudar e a ganhar novos contornos.

“Na hora, parece ser a pior coisa do mundo, mas a gente percebe que consegue superar e que tudo realmente passa. Ficam as lições e o aprendizado desse processo, que me fez rever vários conceitos sobre a vida, o que realmente importa, quem nos apoia, quem são os verdadeiros amigos. Isso tudo nos leva a refletir sobre como agir e como passar essa experiência adiante para quem também está começando o tratamento", afirma.

Para Georgia, essa experiência de enfrentar o câncer reforçou o quanto o autoconhecimento do corpo é a principal forma de detectar a doença precocemente. "Se você sente que algo está errado, vá atrás e investigue. Mesmo com todos os cuidados e um estilo de vida saudável, nada garante que você não terá câncer. Mas, se você se conhece bem, pode detectar logo no início, e isso muda totalmente o tratamento. Não deixe passar muito tempo, porque nesses casos o tempo é essencial," destaca. 

Três anos após o fim da quimioterapia, Georgia segue vigilante, realizando exames regulares de rastreamento e mantendo o autocuidado como prioridade. Sua mensagem para outras mulheres é clara: "Não deixem de fazer seus exames de rotina. A mamografia e as revisões são essenciais para salvar vidas."

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