Estudantes da Rede Estadual vivenciam a cultura do skate no Stu Pro Tour 2025
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Sob um céu azul e ensolarado, 35 estudantes da Rede Estadual participaram, nesta quinta-feira (20/3), de uma aula diferente, ao ar livre e em contato com atletas profissionais do skate mundial. Jovens do Colégio Estadual Japão, da Escola Estadual Engenheiro Ildo Meneghetti - ambos localizados em Porto Alegre - e da Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Setembrina, de Viamão, vivenciaram o clima do Sut Pro Tour 2025 - etapa Porto Alegre.
O evento, que faz parte de um dos principais torneios de skate do Brasil, reúne atletas de todas as partes do mundo na Orla do Guaíba, em Porto Alegre. Entre os participantes, estão nomes de peso, que disputaram competições internacionais, olimpíadas, além de vários medalhistas olímpicos. Nas pistas, competirão atletas como Rayssa Leal (prata em Tóquio e bronze em Paris), Pedro Barros (prata no Japão), Augusto Akio (bronze na França) e Gabi Mazetto, o argentino Matias dell Olio, a holandesa Keet Oldenbeuving e o paraskatista Vini Sardi, entre outros.
O jovem Pedro Pereira, de 17 anos, estuda na Setembrina. Ele veio ao evento com o próprio skate e teve a oportunidade de tirar uma foto com Rayssa Leal. “Eu estou muito feliz, está sendo uma experiência incrível. Não imaginei que conseguiria uma foto com a Rayssa, pensei que teria uma fila enorme. Eu vim na pista da Orla uma vez só, agora estou vendo todas essas referências do skate, então curti demais”, comentou com empolgação.
Os estudantes foram escolhidos pela direção das escolas, que selecionou aqueles que demonstraram maior interesse e afinidade com o esporte. Eduardo Vasconcelos, vice-diretor do Colégio Japão, mencionou o valor de experiências pedagógicas que tiram os estudantes de uma rotina sedentária, especialmente levando em consideração o contexto em que os jovens passam tanto tempo imersos em telas de smartphones e computadores. "Mostrar para eles a importância da atividade física é fundamental. Como professor de educação física, para mim, isso é o máximo. Perceber a motivação deles e o quanto estão curtindo é muito gratificante", afirmou.
Christine Cottam, atleta profissional de 19 anos e uma das melhores do mundo na categoria feminina de street skate, estava treinando enquanto os estudantes acompanhavam nas arquibancadas. A jovem norte-americana, nascida no estado do Arizona, também é fluente em português e quis demonstrar aos alunos o quanto esporte é capaz de unir pessoas de diferentes origens. "O skate é como uma família, uma comunidade. Não importa de onde você vem, quem você é ou como você anda. No skate, não há barreiras. Todo mundo é bem-vindo”, disse.
Além de verem os bastidores da competição, acompanhando o treinamento dos atletas, os estudantes tiveram momentos de exercitar a criatividade. A artista visual Maria Otilia, mais conhecida como Mary O, propôs uma dinâmica, oferecendo canetas e cartelas de adesivo para colar na parte de madeira do skate, o shape. Ela criou a identidade visual do evento e, assim, incentivou os alunos a desenvolver designs que se relacionam com a cultura urbana.
“É uma atividade que tem tudo a ver com o skate, com expressões como o grafite e o lambe-lambe, e que inclui todos. Mesmo quem não gosta de desenho pode se expressar livremente, e estão todos se divertindo”, destacou Mary O.
A parte mais aguardada pela maioria dos estudantes foi quando os instrutores do Stu ensinaram técnicas básicas, mostrando como permanecer em cima do skate e manter o equilíbrio. Ao formar duplas, os estudantes receberam skates para treinar os exercícios. Outros jovens, com domínio maior do skate, arriscaram manobras na pista.
Matheus Moreira, de 17 anos, é aluno do Colégio Japão e revelou que era fã de skate na infância, mas acabou deixando a prática de lado. No entanto, a vontade ressurgiu, em especial depois de ver de perto a Rayssa Leal. “Hoje em dia, não ando mais, mas com certeza dá vontade de retomar agora. "Tá sendo uma experiência muito gratificante, porque foi algo que surgiu do nada, e agora estou aqui conhecendo skatistas que participaram das Olimpíadas, ganharam medalhas e tudo mais”, acrescentou, animado com a possibilidade de voltar ao esporte.
A mesma visão foi compartilhada pelo professor Rafael Marques, que dá aulas de Educação Física na Escola Ildo Meneghetti, no Bairro Restinga “Aqui eles acabam conhecendo um lado diferente da realidade deles. Eles veem essas super estrelas do skate e também entram em um espaço de convivência, de troca, conversando e interagindo com alunos de outras regiões”, mencionou.
Para a professora de Educação Física Grasiela Becker, da Escola Setembrina, o skate expressa um simbolismo que ultrapassa o esporte em si. “O skate é uma cultura de rua, um movimento cultural de fácil acesso para todos. Isso facilita muito a inclusão e a participação dos estudantes", enfatizou.
O governo do Estado é um dos patrocinadores do circuito, que segue até o dia 30 de março. Esta é a quarta edição da etapa em Porto Alegre. O Stu conta ainda com outras fases que ocorrem em cidades ao redor do mundo. A segunda etapa, prevista para julho, será em Portugal, enquanto as seguintes serão realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, ambas em agosto. A final da competição ocorrerá no fim de novembro, em local a ser definido.