Dia do Meio Ambiente: escolas se destacam na rede estadual com projetos de educação ambiental
As propostas levam em conta o contexto no qual os estudantes estão inseridos
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O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, é um momento de reflexão sobre os problemas ambientais que cercam o planeta Terra e os seres que nele habitam. A escola é uma importante aliada nessa tarefa, já que prepara as crianças e os jovens para o futuro. Por meio do Curso de Formação continuada em Educação Ambiental, projetos estão ocorrendo em escolas de todo o RS, buscando engajar os estudantes e a comunidade, de forma participativa e compartilhada. A formação foi realizada recentemente pela Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc), pelas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) em parceria com o Instituto Venturi, Instituto Akatu e RGE.
A indagação de um dos estudantes da Escola de Ensino Médio Estrela Velha, localizada na cidade de Estrela Velha (24ª CRE - Cachoeira do Sul), sobre o destino correto das embalagens de agrotóxicos, inspirou a professora de biologia, física e matemática, Marzué Epp Pereira, na criação do projeto Conscientização de Resíduos Sólidos nas Propriedades Rurais com os estudantes do 1º ao 3º ano do Ensino Médio. “A partir do curso oferecido, realizamos pesquisas sobre reciclagem de resíduos de agrotóxicos e seus destinos em nossa região. Além disso, temos a preocupação com a saúde de nossa comunidade em relação à aplicação dos produtos químicos. Queremos saber se os agricultores estão utilizando os equipamentos de proteção e armazenando os agrotóxicos de forma correta”, sintetiza. Segundo ela, a recepção dos alunos foi muito boa, principalmente quando participaram de aulas práticas, em que aprendem sobre Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), bem como o manejo correto dos produtos químicos. A professora acredita que a sensibilização da comunidade escolar para o descarte desses resíduos é essencial, tanto para os alunos, quanto para as famílias. “Com essas ações cuidamos uns dos outros e do planeta, que é a nossa casa”, reflete.

Conforme a diretora, Isabel Billig, o projeto está alinhado com a realidade do município. “Somos uma cidade essencialmente agrícola, pequena, então nossos alunos assistem aos pais trabalharem no campo e, muitas vezes, atuam junto com eles. Por isso, é importante que saibam se proteger”, considera.
Educação ambiental desde cedo
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Medeiros e Albuquerque, de Constantina (39ª CRE - Carazinho), os pequenos dos 3ºs e 4ºs anos já estão aprendendo sobre a responsabilidade com o Meio Ambiente. O projeto Cuidando da Vida, da Casa e do Planeta ganhou forma a partir do curso ofertado em parceria com o Instituto Edukatu. As professoras responsáveis pela iniciativa, Veronica Boemo Sawaris e Roselaine Casagrande Ficagna, contam que o objetivo é difundir técnicas e hábitos sustentáveis. Para isso, os estudantes participam de atividades que envolvem a leitura de obras literárias infantis que tratam do assunto, a interpretação, a produção textual e a releitura de obras de arte. No início do projeto, todas as tarefas foram orientadas e realizadas virtualmente. Com o retorno das aulas presenciais, já com o domínio da temática por parte dos alunos, foi sugerido que criassem obras de arte com material reciclado, como tampinhas de garrafa, tecidos e papelão.
“Houve muito engajamento, pois todos sabiam responder e comentavam sobre a importância de reutilizar as embalagens. Muitos falavam como as suas famílias já utilizavam essa prática”, comenta Veronica. Para ela, é essencial que os alunos tomem consciência da importância do cuidado com o planeta, “preservando os recursos naturais, promovendo uma cultura sustentável e preocupada com a vida das futuras gerações”. Para a diretora da escola, Maritânia Menegal, o projeto reforça o papel da escola quanto a preservação. “Temos que nos empenhar para melhorar a vida no planeta. Não podemos observar apenas os problemas que estão acontecendo, devemos buscar soluções. São os pequenos gestos que farão da Terra um lugar melhor para as futuras gerações”, afirma.
Horta escolar e o contato com a terra
Com o intuito de romper a ideia de que o alimento tem origem apenas em zonas rurais, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Luiz de Azambuja Soares quer construir uma horta urbana no terreno da instituição, localizada no bairro São José, em Porto Alegre. O projeto Dedo Verde busca colocar o aluno em contato com o alimento e com a terra, a fim de que ele saiba o que está comendo e tenha uma alimentação mais saudável. Além disso, todas as atividades envolverão professores de diferentes áreas da educação, promovendo a multidisciplinaridade.
O objetivo da horta não é apenas funcional, já que ela também vai embelezar o local e criar um espaço de lazer para os estudantes e familiares, que costumam ter um laço afetivo muito forte com a escola. Segundo a diretora, Kátia Bueno Laner, é uma forma de unir ainda mais a comunidade escolar. “Temos uma área de preservação no pátio da escola em que os alunos adoram passear. Com a possibilidade do projeto, essa interação vai aumentar”, analisa.
O preparo do solo será feito sem agrotóxicos com a ajuda da professora de geografia da escola, justamente para proporcionar saúde e cuidado com o terreno. Com a professora de Ciências Naturais, os estudantes terão a oportunidade de aprender sobre recuperação do solo, além de mapear a flora e a fauna do local e aprender sobre a polinização. Na região de Mata Nativa, serão realizadas, em paralelo, ações de manejo em Agrofloresta e interação com outras espécies, como bugios e pássaros. Participarão também os professores de História, Artes e Português.
Segundo a professora de Ciências Naturais, Bibiana Pegorari, uma das responsáveis pelo projeto junto com a professora de matemática, Ana Verônica Nascimento, a região é carente de educação ambiental e o projeto pode ajudar com isso, transformando a teoria em prática. Eles poderão, inclusive, criar compostagens com o lixo orgânico. “Há lixos nas ruas, os alunos, embora não tenham noções de Meio Ambiente, não associam tal conhecimento ao seu dia a dia. Com o ensino popular, o aluno se torna um difusor dessas ideias na comunidade, melhorando as condições ambientais do bairro”, pondera.