Chegando à 35ª edição, a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec) teve o seu lançamento realizado na noite desta quinta-feira, 5 de novembro. A abertura do evento ocorreu em formato online, transmitida no canal do YouTube Mostratec Oficial, e contou com a participação do governador Eduardo Leite e do secretário estadual de Educação, Faisal Karam. A feira, organizada pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, ocorrerá de 9 a 11 de dezembro, também de modo virtual.

O governador Eduardo Leite destacou que a Mostratec é motivo de orgulho para todo o Rio Grande do Sul, pois há muitos anos promove a iniciação científica entre os jovens, estimula a pesquisa e desenvolve produtos e soluções que são, depois, apresentados a empresas e setores acadêmicos. Lembrou ainda que, nos tempos atuais, é especialmente relevante fomentar esse estímulo à imaginação e à criatividade dos jovens. “A pandemia trouxe necessidades de mudanças, mas a verdade é que não passaremos por um período de transformações para chegar a um momento sem mais mudanças. Por isso, temos que estar dispostos a revermos a forma como fazemos cada atividade, e a Mostratec estimula essa criatividade nos nossos jovens”, ressaltou.

Leite também chamou a atenção para a tradição aguerrida do povo gaúcho e cumprimentou a Fundação Liberato por não ter deixado de realizar o evento por conta da pandemia. “Certamente essa irresignação e essa capacidade de resiliência não seria diferente neste momento que estamos vivendo”, observou.

O secretário estadual de Educação, Faisal Karam, parabenizou a Mostratec pelo seu aniversário de 35 anos e salientou a importância dos servidores envolvidos e da feira na vida dos alunos. “A função do serviço público é dar oportunidades à vida das pessoas, para que elas construam um futuro melhor, e isso a Mostratec tem feito ao longo desses anos, permitindo que os alunos saiam da escola direto para o mercado de trabalho”, pontuou.

O secretário lembrou, ainda, que em um país no qual somente uma fração dos alunos das Redes Públicas de Ensino chegam à universidade, a Mostratec se mostra o melhor caminho para que a ciência transforme a vida do aluno. “Só teremos um país qualificado, melhorado, quando tivermos o reconhecimento do valor que tem o cientista e o pesquisador”, avaliou Karam.

Segundo o diretor-executivo da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, Ramon Hans, ao longo do ano a direção da instituição questionou se faria a Mostratec em 2020 e, se sim, de que forma. “Juntos, decidimos encarar mais esse desafio neste ano atípico, que é realizar a primeira Mostratec virtual, no ano em que o evento completa 35 anos, a feira que acontece há mais tempo de forma ininterrupta no Brasil”, contou. Na visão de Hans, mesmo em um formato diferente, a mostra já recebeu muitas inscrições nos últimos dias, de alunos de diferentes partes do mundo.

Jader Bernardes, coordenador-geral da Mostratec 2020, defende que a ciência possui um potencial muito grande de mudar vidas e, nesse sentido, a Mostratec é e seguirá sendo uma força transformadora. “Teremos eventos integrados à feira, ligados a robótica, oficinas de podcasts, jogos digitais, os 35 anos da Mostratec, os 10 anos da Mostratec Júnior, tudo no formato virtual”, pontua, alertando que a programação ainda não está fechada, pois há cada vez mais eventos agregados à mostra.

Oportunidade de transformação de vida

Dois ex-alunos da instituição de ensino, que já participaram da Mostratec, estiveram presentes no lançamento do evento: Raíssa Müller e Felipe Machado. Eles falaram sobre os caminhos que a feira abriu em suas vidas.

Raíssa, formada no curso técnico em Química da Liberato, participou de diversas feiras de ciência e, recentemente, se graduou em Psicologia pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos. “A Mostratec mudou a minha vida. Dez anos atrás, eu participava da mostra como tradutora e acreditava que só gênios faziam projetos, mas, aí, aconteceu o ‘efeito Mostratec’ comigo: conheci a feira, chorei quando ela acabou e me apaixonei pela área de pesquisa. Descobri que eu conseguiria usar a pesquisa como uma ferramenta de transformação social”, enfatizou.

A ex-aluna da Liberato relata que, no ano seguinte, retornou à feira como expositora e foi premiada pela primeira vez. Depois, participou de feira de ciências na Turquia e passou a se dedicar de forma ferrenha ao desenvolvimento de projetos, participando também da Mostratec do ano subsequente e estando presente, também, em três feiras grandes dos Estados Unidos. “Minha mente se abriu de uma maneira que eu percebi que não existem gênios, e sim esforço, e comecei a sonhar com coisas que nunca tinham passado pela minha cabeça”, afirmou, lembrando que sua porta de entrada foi pela Mostratec.

Felipe, formado no curso técnico em Mecânica da Liberato, também integrou muitas feiras, em países com Israel, Panamá, França e Turquia, e venceu diversos prêmios com suas experiências e projetos. Hoje, é bacharel em Design. “Sempre fui filho da escola pública, com muito orgulho, e pude levar essa bandeira da escola pública gaúcha para todo mundo”, ressaltou, defendendo que a vivência em outros países é importante porque, dela, se tiram ideias de soluções de problemas do nosso próprio país.

O jovem iniciou sua participação na Mostratec já no seu primeiro ano de Liberato e relata que, além dos projetos em si, sempre procurou participar de todas as outras atividades incluídas no evento, inclusive artísticas, o que o ajudo muito em sua trajetória profissional. “Devo muito à Mostratec por todas as oportunidades de carreira que eu tive. Acredito no potencial de impacto da ciência na vida das pessoas e, quando temos acesso a ela ainda na adolescência, temos um longo caminho para poder trilhar nessa área”, observou.