Avaliação emancipatória é discutida no II Seminário Internacional de Educação
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?Avaliação institucional e da aprendizagem na perspectiva emancipatória? foi uma das temáticas discutidas na tarde desta terça-feira (03), em um dos painéis do II Seminário Internacional de Educação. Os professores e pesquisadores Bernhard Johannes Fichtner (Alemanha), Gelsa Knijnik e José Pedro Boufleur. (Brasil) fizeram a exposição do assunto para professores e gestores da rede pública estadual de ensino no auditório do Hotel Embaixador em Porto Alegre.
Bernd Fichtner disse que a avaliação é uma temática que vem ganhando grande destaque nas políticas públicas e em todos os campos e setores profissionais e sociais nos últimos tempos. Para ele, ?o ponto de partida é a prática da sala de aula na perspectiva da prioridade da prática?. Ao se referir à aprendizagem tradicional, a que denomina ?aprendizagem defensiva?, o pesquisador argumenta que os ?os alunos aprendem a sobreviver à situação escolar que se apresenta para eles, como um centro abrangente de controle. Os professores são reduzidos a sinaleiras, em que o aluno pode ter a certeza do domínio ou não das situações escolares?. Em relação aos métodos de ensino, o pesquisador alemão afirma serem técnicas disciplinares para influenciar e domesticar os estudantes na escola entendida por ele como ?um sistema de poder?, disse. Em sua reflexão, Fichtner é bastante enfático ao afirmar que a causa e reação dessa ?aprendizagem defensiva? é o sistema de avaliação tradicional (notas, boletins, etc.). ?Esse sistema de avaliação tradicional transforma a escola num sistema de suborno. Os mecanismos desse suborno têm a ver com a lógica de poder: ?As formas da avaliação tradicional são reflexos de uma estrutura complexa de relação de poder. A realidade então passa a ser o exercício da coação, do professor como autoridade máxima e incontestável?, explica.
Diante da realidade descrita pelo professor Bernd, a alternativa plausível é uma revisão do paradigma tradicional de avaliação, sobretudo das concepções tradicionais de conhecimento, ensino, aprendizagem, educação e escola. Para tanto, é necessário pensar em um novo projeto pedagógico e emancipatório, apoiado em princípios e valores comprometidos com a criação do cidadão. O pesquisador colocou, a exemplo da proposta, o processo de reestruturação curricular do Ensino Médio do Rio Grande do Sul, que oferece perspectivas emancipatórias para um novo projeto pedagógico.
Em concordância com os dois painelistas, a professora Gelsa Knijnik, em sua análise, argumenta que a avaliação vem sendo realizada em perfeita sintonia com a lógica neoliberal. Essas avaliações, na percepção da pesquisadora, se voltam para a captura de desejos de cada um, e também a partir do que e como é ensinado. Ela defende que é preciso dar um novo sentido a avaliação a fim de compreender o que o aluno aprendeu. ?Isso pode servir para o crescimento pessoal e profissional dos jovens, além do cognitivo. Não se trata de avaliar os alunos em relação aos demais, mas em relação a si mesmos?, disse.
Nesta quinta-feira, 4, último dia do evento, ocorrerão outros quatro painéis que irão apresentar e discutir temas como a crise e mudança no Ensino Médio, as mídias na construção do conhecimento dos adolescentes, princípio educativo do trabalho e o caráter do currículo escolar e a educação para uma ação democrática.