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Aluno de Santa Rosa ajuda a criar prótese que será uma das atrações da Mostratec

Escolas estaduais de sete cidades participam, no mês de outubro, da Mostra nacional

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Equipe participou de Mostra no Paraguai
Equipe participou de Mostra no Paraguai - Foto: 17ª CRE/Seduc
Por Renato Gava

Em 2002, André Ricardo Pacoff conduzia uma moto e chocou-se com uma carreta. Aos 23 anos, ele ficou nove dias internado em estado grave em um hospital. Sobreviveu, mas acabou tendo de amputar o pé direito. Quinze anos depois, ele acaba de ajudar a desenvolver uma prótese de baixo custo que poderá ajudar vítimas de casos semelhantes. Premiado na região de Santa Rosa e até em um evento no Paraguai, o projeto Prótese de Pé em Fibra de Carbono de Baixo Custo é um dos finalistas da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), de 23 a 29 de outubro, em Novo Hamburgo.

“O projeto começou da necessidade dele, que já tinha uma prótese do Sistema Único de Saúde (SUS), porém queria uma mais maleável. As pesquisas começaram no ano passado e, este ano, culminou neste excelente trabalho”, relatou a supervisora do Curso Técnico em Mecânica na Area da Indústria, Vânia Brun. O curso faz parte da Escola Estadual de Ensino Médio Pedro Meinerz, de Santa Rosa.

No mês passado, o projeto venceu no Núcleo 7 da 14ª Mostra das Escolas Estaduais de Educação Profissional (MEP), em Três Passos. O evento é organizado pela Superintendência da Educação Profissional (Suepro), órgão da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que vai custear a hospedagem e o transporte da equipe vencedora – além de André e Vânia, fazem parte do time os alunos Avelino Dietriech e Nelson de Oliveira Filho e a coordenadora Marlene de Oliveira.

Baixo custo

A prótese de pé em fibra de carbono usa materiais que reduzem seu custo. As causas das amputações e o gênero que atinge são variados no Brasil, porém, em 2011, cerca de 94% das amputações realizadas pelo SUS foram no membro inferior. Baseada na experiência de André, a equipe tentou criar algo capaz de proporcionar conforto e estabilidade locomotora para pessoas que passam pelo mesmo problema.

Prótese é até dez vezes mais barata que a similares do mercado
Prótese é até dez vezes mais barata que as similares do mercado - Foto: 17ª CRE/Seduc

De acordo com Vânia, o projeto passou por etapas de confecção de modelos de lâminas e contou com testes no qual o usuário de prótese para 1/3 de perna amputada foi contatado. Os materiais mais comuns na confecção das próteses são titânio, liga cobalto-cromo-molibdênio, aço inoxidável e fibra de carbono. Tais materiais oferecem conforto e resistência, porém, encarecem o produto final, inviabilizando a compra e distribuição pelo SUS – cada peça custa entre R$ 9 mil e R$ 18 mil.

Foram feitas pesquisas de novos materiais e processos. A prótese desenvolvida na EEEM Pedro Meinerz é composta por pé mecânico em fibra de carbono, eixo de fixação e o copo onde é encaixado o membro amputado. O pé protético é composto por três partes básicas: adaptador modular, mola interna ou núcleo e revestimento. O modelo escolhido assemelhou-se a um sistema massa-mola.

Os materiais utilizados para a confecção da lâmina para o pé protético foram fibra de carbono, resina epóxi, tela de inox, lâmina de serra fita e aço inox. O resultado é que a peça, bem mais flexível que as próteses distribuídas pelo sistema de saúde nacional, custa menos de R$ 1,8 mil – dez vezes menos que as importadas, que chegam a custar R$ 18 mil.

“O projeto está pronto para ganhar o mercado, ser produzido em grande escala e ajudar mais pessoas”, assegura Vânia.

Estrutura

Premiações como a de André, garante a diretora da Pedro Meinerz, Elaine Deloss, não ocorrem por acaso. “A qualidade do corpo docente é inegável, e a escola oferece laboratório e outros recursos melhores até do que em escolas particulares. Sempre conseguimos destaque nas MEPs e em outros eventos”, revela.

Equipe na MEP
Equipe na MEP - Foto: 17ª CRE/Seduc

Além da equipe responsável pela prótese, outras três ficaram em primeiro lugar – dos 11 eixos, a escola venceu em quatro. A competição reuniu três CREs e, só na fase final, 18 colégios. Coordenadora do curso profissional, Marlene de Oliveira assegura que o sucesso na performance das mostras traz resultados positivos a todos os alunos. “A comunidade está toda em pról dos alunos. A procura pelo curso técnico também aumentou bastante”, revelou. O curso técnico em Mecânica da Area da Indústria oferece 25 vagas (mais 25 de estágio) e dura um ano e meio – mais um ano de estágio.

Considerada uma das principais feiras do setor na América Latina, a Mostratec é uma ótima entrada para mercados como Europa e Ásia. Investidores e pesquisadores, todos os anos, vão ao evento atrás de novidades para serem expostas em outras mostras internacionais e, se for o caso, já à venda no mercado. “Certamente muita coisa boa ainda está por vir para os alunos envolvidos no projeto, a Mostratec abre várias portas”, avalia Vania.

As sete escolas estaduais venceram, durante o mês de agosto, a Mostra Estadual das Escolas Profissionais (MEP), evento dividido em sete regiões (núcleos). Abaixo, confira a lista das participantes:

Nome do projeto

Escola

Equipe

Reaproveitamento de Alimentos: Nada se Perde, Tudo se Cozinha!

CE Lemos Júnior (Rio Grande) Cristina Maria Machim Acosta, Marcelo Pucinelli Cousin, Polliana Castilho Nunes, Amaro Pintado Pedro, Jusselaine Borges Santos da Silva

Aquasis - Cisterna Autossustentável

ETE Presidente Getúlio Vargas (Santo Ângelo) Maria Regina Cervi, Naureli Marino Medeiros Marques, Michel Henrique Paiva Prestes, Wellington Dias da Silva, Manoel Junior Coletto Bugdurff

Prótese de Pé em Fibra de Carbono de Baixo Custo

EEEM Pedro Meinerz (Santa Rosa) Marlene Ludwig de Oliveira, Vania Ghellar Brun, Andre Ricardo Pacoff, Avelino Dietriech, Nelson de Oliveira Filho
Reciclagem das Sacolas Plásticas PEBD e Reaproveitamento do Óleo Comestível Usado na Fabricação da Cera Líquida IEE Professor Annes Dias (Cruz Alta)

Cleonice de Ávila Carvalho, Izabel Rubin Cocco, Cintia Rodrigues Nascimento, William da Silva Nascente, Raquel Matias Padilha

Sistema de Divulgação e Avaliação para a MEP

EEEP Dr. Solon Tavares (Guaíba)

Francisco Henrique da Silva, Roger Pereira da Silva, Ingrid  Silva dos Santos, Luccas Peixoto Marques, Mateus Guimarães Abdala

Sistema de Automatização do Transporte Coletivo Urbano - SATCU - Fase III

EET São João Batista (Montenegro)

Humberto Loureiro Marques, Bruno Metz dos Santos, Erick Dalla Giacomazza Kelsch, Henrique de Castro Franco

Maionese Vegana

EEEP João de Cesaro (Passo Fundo)

Lilian Berton, Marilaine Horner Nunes, Sintia Elenara Dorneles Mathias, Cátia Mattos dos Santos

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