13ª CRE: Alunas da região terão seus textos publicados em livro
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Depois de ouvir a mãe contar a história de vida de sua bisavó, que nasceu numa senzala, Kariny dos Santos Simões não teve dúvida sobre o tema que abordaria na sua redação para a aula de Língua Portuguesa. Aluna do 4º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Licínio Cardoso, em Lavras do Sul, Kariny decidiu escrever sobre superação de preconceito, uma das temáticas da 22ª edição do Programa Crianças e Jovens do Rio Grande Escrevendo Histórias. Sua redação, intitulada ?Somos todos iguais?, foi um dos dois trabalhos literários selecionados, pela área de abrangência da 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), para ser publicado no livro Crianças e Jovens do Rio Grande Escrevendo Histórias, editado pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc) e lançado no dia 6 de novembro, na 60ª Feira do Livro de Porto Alegre. ?No início da minha alfabetização, achava importante ler e escrever, mas agora eu descobri que ler e escrever são as melhores coisas que existem?, acredita a estudante, de 10 anos, que contou com a orientação da professora Lúcia Clarice Ruas Munhos.
A poesia ?Vivendo com o preconceito?, feita pela estudante Michele Pinto Fagundes, também constará no livro. ?É um projeto que resgata nos alunos a vontade de escrever. Nunca imaginei que seria selecionada nesse trabalho tão importante. Quando minha professora entra na sala e começa a falar sobre o programa, que havia um texto selecionado da nossa escola, que era da nossa turma, meu coração ficou a mil e a hora que ela falou que era o meu, fiquei muito feliz, tive vontade de chorar de emoção. Estou muito feliz por estar participando de um grande projeto como esse?, afirma a aluna da 8ª série, de 15 anos, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Arthur Damé, em Bagé.
Para a professora de Língua Portuguesa do Arthur Damé, Patrícia Priebe Padilha, o programa resgata a importância leitura e da escrita. ?Ambas andam juntas. Além disso, motiva o aluno a escrever. Gosto muito de trabalhar com textos e programas assim lançam desafios que acabam nos ajudando em sala de aula?, ressalta.
O livro conterá os melhores trabalhos feitos pelos estudantes da rede estadual. A produção da obra resulta de um trabalho sistemático e contínuo, voltado para a formação do hábito de leitura, incentivo à produção textual e valorização do aluno no contexto educacional.
A cerimônia de premiação acontecerá em dois momentos festivos, sendo um na Seduc e outro na 60ª Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 6 de novembro, na Praça da Alfândega, ocasião em que será lançado o livro com 85 produções textos e desenhos.
A assessora das Bibliotecas, Livro e Literatura da 13ª CRE, Sandra Alves, informa que mais de 60 trabalhos foram inscritos no programa pela área de abrangência da Coordenadoria. As produções foram feitas por estudantes de 23 escolas estaduais situadas nos municípios de Bagé, Aceguá, Candiota, Hulha Negra, Caçapava do Sul, Dom Pedrito e Lavras do Sul. ?O projeto tem como objetivo estimular a autoexpressão de crianças e jovens, valorizando sua produção gráfica e textual, consolidadas pelo hábito da leitura desenvolvido na escola?, destaca Sandra.
Trabalhos selecionados pela área de abrangência da 13ª CRE
Somos todos iguais
Os livros comentam a história dos negros, mas como descendente eu vou contar a minha história.
A minha mãe me contou que a avó dela nasceu numa senzala, mas já não era escrava, ela era alforriada. Ela cresceu de maneira que suas condições permitiam, se casou com um bugre, teve minha vó e seus cinco irmãos.
Minha bisavó morreu e sem condições de criar os filhos, meu bisavô resolveu dar os filhos para quem pudesse criar eles em troca de serviço.
Minha avó foi criada como escrava, trabalho em troca de comida, sem saber ler nem escrever, sem direito a um salário, diziam que negro não precisava de dinheiro.
Com muito trabalho minha avó se criou, casou e teve seis filhos, um desses é minha mãe que também trabalha desde criança, mas com direito a salário, claro! Mas também passou muito trabalho, apanhou muito no serviço, estudou o pouco que deu. E graças a Deus hoje com muito orgulho de nossa raça ela conta a nossa história, que começa na senzala sem direito a nada e sem condições de criar filhos, depois passa para a fase em que se trabalha por comida sem direito a escolaridade e por último a fase da minha mãe que até estudou mas preferiu trabalhar para ajudar em casa.
Se não fosse a força que a raça negra tem, não existiriam presidentes, empresários, médicos e muitos outros profissionais negros.
Eu tenho orgulho de ser negra!
Kariny dos Santos Simões
Vivendo com o preconceito
Hoje em dia a palavra preconceito
Não é mais novidade,
É um tema público
Em nossa realidade
Preconceitos,
Dificuldades,
Racismo e
Crueldade.
A vida é curta,
Para viver com preconceito,
Isso é triste, é falta de respeito
Racismo...
Tema público em nossa sociedade,
Não tem porque viver com tal brutalidade.
Michele Pinto Fagundes