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Projetos de Escolas Criativas da Rede Estadual participam da  4ª Conferência Brasileira de Aprendizagem Criativa

Encontro ocorreu em Porto Alegre e também incluiu a  6ª edição do Festival de Invenção e Criatividade (FIC)

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Foto do salão principal do Instituto Federal de Educação, mostrando um saguão amplo com diversas pessoas circulando entre estandes de estudantes.
Encontro ocorreu no Instituto Federal de Educação, em Porto Alegre, entre os dias 18 a 21 de novembro - Foto: Priscila Valério / ASCOM Seduc
Por Daniel Marcilio

Um espaço de trocas de experiências e incentivo à inovação e à criatividade. Foi nesse ambiente de estímulo a novas ideias que escolas da Rede Estadual participaram, entre os dias 18 e 21 de novembro, da 4ª Conferência Brasileira de Aprendizagem Criativa, realizada no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), em Porto Alegre.

A partir do tema “Criatividade Coletiva: construindo um presente habitável, justo e sustentável”, a cidade foi escolhida para sediar o evento deste ano, celebrando o espírito de retomada da educação gaúcha após as enchentes e inundações de maio.

As escolas estaduais que estiveram presentes no evento fazem parte do Programa Escolas Criativas, promovido pela Secretaria da Educação (Seduc). Elas vieram de diversas regiões do Estado, trazendo painéis, estandes e materiais que demonstraram a diversidade de trabalhos da Rede Estadual.

Dentro da programação da conferência, as escolas também participaram da 6ª edição do Festival de Invenção e Criatividade (FIC). A mostra, que conta com o apoio da Seduc, busca estimular o viés colaborativo e inventivo da educação.

Todas essas iniciativas criadas pelos estudantes tinham em comum a perspectiva da aprendizagem criativa. Trata-se de uma metodologia de ensino que encoraja a criação de atividades práticas e lúdicas, incentivando os estudantes a colocar a mão na massa.

Escolas criativas: projetos que solucionam questões reais

Foto que mostra um dos estantes do evento, com os alunos apontando para os materiais na mesa.
Projetos dos estudantes da Rede Estadual foram desenvolvidas nas escolas que fazem parte do programa Escolas Criativas - Foto: Priscila Valério / ASCOM Seduc
A entrada do IFRS foi transformada em um palco de exposições, onde os estudantes compartilharam suas ideias com o público. São propostas que estavam relacionadas com a solução de um problema real. 

Um dos exemplos foi o trabalho da Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Manoel Gonzales, do município de Sarandi.  "O nosso projeto, basicamente, é uma forma de agilizar o processo de reconstrução de moradias para os desabrigados das enchentes no nosso estado. Ele pode ser utilizado em qualquer outro lugar que acontecer catástrofes naturais", explicou Gabriel Ferentini Martinelli, de 13 anos.

Instigados pela professora de geografia da escola, ele e sua equipe desenvolveram um protótipo virtual de uma máquina chamada Ecopatrol. Ela foi criada dentro de um jogo disponível na plataforma Roblox. É uma espécie de motoniveladora que recolhe resíduos para transformá-los em pó, que será reutilizado na construção de novas casas. "O objetivo é evitar o desperdício de materiais e reduzir a geração de lixo", reforçou Gabriel.

Conscientização alimentar com jogo de cartas

Representando o município de Santiago, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Lucas Araújo de Oliveira apresentou uma proposta diferente: um jogo de cartas que mistura diversão com conscientização alimentar.

O estudante Endrygo da Silveira Mayer, de 13 anos, detalhou como funcionam as regras. “A gente se inspirou no truco e mudamos os naipes, colocando uma hierarquia de alimentos menos saudáveis e outros mais saudáveis”, esclareceu. As cartas variam de alimentos industrializados, que valem menos pontos, até os naturais, como banana e batata, que são mais valiosos. 

Além disso, o projeto ganhou fôlego e se transformou em um pequeno empreendimento de jogos educativos. Endrygo contou que estão desenvolvendo outro jogo voltado para ensinar o descarte correto de lixo, com cartas coloridas que representam resíduos e que precisam ser unidas em sequência com as cartas das respectivas lixeiras. “É mais para alunos do Ensino Fundamental, mas temos essa proposta de jogos para todos que estejam interessados”, completou.

Inclusão e acessibilidade na Educação do Campo

As escolas de campo também estiveram representadas com a Escola Estadual de Ensino Fundamental Ângelo Granzotto, do município de Sananduva. No estande, o nome do projeto estava destacado:  Ageto: Um Só Mundo e Muitas Vozes. O personagem é o mascote da escola, um pequeno boneco feito de gravetos que simboliza questões de acessibilidade.

Foto que mostra dois jovens estudantes apontando para a parede do estande, onde foi colocado um painel feito de materiais recicláveis
Parede sensorial foi desenvolvida pelos alunos do 1° ao 9° ano do Ensino Fundamental - Foto: Priscila Valério / ASCOM Seduc
"O Ageto foi criado na primeira vez em que participamos do FIC. Para este ano, cada turno da nossa escola recebeu um desafio: ajudar o Ageto em suas deficiências. As crianças propuseram diversas soluções, e uma delas foi a criação de paredes sensoriais, que trouxemos para o FIC", esclareceu a diretora Maria Angélica Bonez Dambros.

As paredes sensoriais foram montadas com materiais recicláveis, como a parte de cima de garrafas plásticas, barbantes, tampas e cartolinas, todos os itens coloridos e colados por alunos do primeiro ao nono ano. A proposta é uma maneira de apoiar crianças e jovens neurodivergentes.  

"Essas atividades utilizam sensações, cores e elementos como fechaduras para acalmar os alunos e ajudá-los a interagir. Na nossa escola, temos estudantes com TDAH e autismo, o que representa um desafio diário. Este projeto envolveu toda a comunidade escolar", salientou a diretora.

Projeto literário ajuda a pensar as emoções

Utilizando a literatura infanto-juvenil como ponto de partida para abordar as questões emocionais, a Escola de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Paz, de Campinas do Sul, apresentou o projeto Personagens que Vivem Dentro de Nós. A ideia nasceu junto com o programa literário da escola, que decidiu se basear, neste ano, no personagem Thomas, do livro Thomas Descobre O Propósito de Viver.

A história serve de apoio para pensar o processo de autoconhecimento dos estudantes. Ao mesmo tempo, a escola promove ações com ferramentas como uma bola expansiva, ou seja, com materiais que ajudam a manter o foco dos alunos em momentos de agitação.

"Assim eles aprendem a lidar com suas emoções e desenvolvem atenção plena por meio da respiração e da calma. Thomas, nosso personagem do ano, está presente em todas as atividades escolares, conectando esses valores à comunidade", contou Rejane Nava, embaixadora das Escolas Criativas e representante da escola.

Segundo Rejane, cada aluno que participou da oficina da escola foi incentivado a explorar os personagens que vivem dentro de si e a dar vida a eles. "Uma aluna criou um personagem mágico, que vive em um mundo onde tudo é melhor, enquanto outra elaborou a 'menina sorvete', que mora no interior e deseja uma vida mais conectada à simplicidade.”

O projeto também utilizou óculos de realidade virtual. Quem passou pelo estande pôde experimentar a ferramenta, assistindo a um vídeo que questiona qual é o personagem que melhor as emoções e sentimentos que o espectador dos óculos percebe naquele momento. 

Para participar do FIC, a escola enfrentou mais de seis horas de viagem até chegar em Porto Alegre. "A turma do quinto ano já fica ansiosa pela oportunidade de vir ao festival", revelou Rejane.

Sobre o programa Escolas Criativas

Na Rede Estadual, o Programa Escolas Criativas teve início em 2021. É uma proposta pedagógica fundamentada na ideia da Aprendizagem Criativa, uma metodologia que incentiva a inovação no ambiente escolar. Entre outros aspectos, a abordagem está centrada na criação de trabalhos colaborativos e inseridos em atividades práticas, de forma a valorizar o erro como parte do processo de desenvolvimento dos estudantes.

A Aprendizagem Criativa foi idealizada por Mitchel Resnick, do MIT Media Lab, dos Estados Unidos. Ela se baseia no construcionismo de Seymour Papert, também do MIT, que se inspirou nas ideias de Piaget, Paulo Freire, Montessori e outros pensadores em Educação.

Atualmente, o programa envolve 70 escolas da Rede Estadual, com mentorias realizadas por formadores-mestres que orientam os professores e gestores na aplicação dos conceitos de Aprendizagem Criativa.

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