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Azevedo participa de debate com Boaventura Santos

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Debates Capitais
O secretário de Estado da Educação, Prof. Dr. Jose Clovis de Azevedo, participou, como debatedor, da palestra do professor Boaventura Souza Santos que abordou o tema: ?Conhecimento prudente para uma vida decente?. O encontro, que ocorreu na noite de terça-feira (10), no Plenário Otávio Rocha, faz parte do projeto Debates Capitais, promovido pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Para o secretário, o professor Boaventura desafia todos a reviver o passado para revelar imagens desestabilizadoras, do sofrimento humano e a recuperar a nossa capacidade de rebeldia. Azevedo explicou que o projeto educativo emancipatório busca recuperar a capacidade de indignação. Ele lembrou Paulo Freire, para quem há uma relação entre a alegria necessária a educação e a esperança. Azevedo propõe que a escola incorpore o conhecimento que os alunos trazem da comunidade e articule este saber com o conhecimento sistematizado. Ele citou a crítica do professor Boaventura, sobre a ciência moderna que expulsou o sujeito empírico da construção do conhecimento, criando uma dicotomia entre sujeito e objeto. Ele lembrou uma palestra feita pelo professor Boaventura há 15 anos, quando afirmava que a repetição do presente é a repetição da fome e da miséria para um número cada vez maior de pessoas e defendia a necessidade de se retomar a rebeldia. Azevedo questionou se hoje estamos mais rebeldes ou se estamos reproduzindo mais a lógica do mercado. De acordo com o secretário, a sociedade vive uma disputa de hegemonia epistemológica entre uma prática que articula o conhecimento do sujeito real com o conhecimento científico e o pensamento científico dominante. Ele criticou as avaliações em larga escala que avaliam os conhecimentos das áreas da linguagem e da matemática, subtraindo do processo avaliativo o campo da arte e da cultura. ?As formas de avaliação, impostas de fora para dentro do país, não dialogam com o sujeito real, portador de culturas e de experiências?, garantiu. Ele alertou para a tentativa de transformar a educação em mera reprodução de competências e habilidades necessárias a manutenção da taxa de lucro do capital. Azevedo concluiu defendendo a construção de uma nova utopia. Boaventura Santos explicou que o conhecimento prudente é aquele que tem a consciência de seus limites. Ele define vida decente como aquela que se pauta pelos direitos à igualdade e à diferença. O sociólogo português criticou os sistemas de educação que se pautam pela idéia de que a cultura ocidental e o conhecimento científico, produzidos no Norte, são modelos universais. ?Esta concepção desqualifica todas as outras formas de conhecimento, negando as práticas sociais concretas que se expressam em inúmeras culturas?, argumentou. Para Boaventura, não haverá justiça social, sem justiça cognitiva (reconhecimento dos diferentes conhecimentos). Ele propõe uma epistemologia do Sul que incorpore os conhecimentos construídos pelos trabalhadores, pelos camponeses, pelas mulheres, pelos quilombolas e outros grupos sociais que não tem o seu saber validado pelo modelo epistemológico dominante. O debate, também, contou com a participação da professora Isabel Letícia Medeiros, diretora da Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre (Atempa). Ela falou sobre a experiência de implantação da gestão democrática em Porto Alegre e disse que utilizou as idéias do professor Boaventura santos na democratização da rede municipal de ensino.
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